segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O natal: Verdade histórica ou engano pagão?

papai noel
Qual a ideia que se teria de um povo que trocou a data de nascimento do seu governante supremo,tido como o maior exemplo de heroísmo, desprendimento e altruísmo jamais vistos por qualquer comunidade em todo o mundo-já que no seu livro de registro essa data é no mínimo incerta - particularmente ele mesmo como líder dessa imensa turba nunca mencionou ou fez algum reclame sobre a comemoração do seu natalício1. Mesmo assim, de forma obstinada continuam através dos anos, a prestar-lhe essa “estranha” homenagem.
Qual a idéia que se teria de um povo, que no período do aniversário do seu incomparável herói, apreciado até por aqueles que professam outras filosofias de vida, protagonizam um “show” de carnificina no trânsito, comparável as aberrantes batalhas civis, a ponto de deixar o hezbollah e a alcaida com uma pontinha de inveja, pois só no período de preparação das festas natalinas até o final de 2008, foram registrados no Brasil 7.140 acidentes, com 4.795 feridos e 435 mortos2.
Qual a idéia que se teria de um povo, cujo herói é conhecido faustosamente como o infalível provedor e o amigo das crianças, e, no entanto, apresentam à essas crianças um herói fictício, com renas, trenós e gnomos, seres no mínimo estranhos ao Reino do sublime líder. Esse superman vermelho surge “coincidentemente” no pseudo natalício do imarcescível herói, como encarnando, ou melhor, substituindo sua figura, provendo no seu próprio nome o que deveria ser posto no nome do aniversariante.
Qual a idéia que se teria de um povo que se jacta de ser o seu líder a personificação da verdade3 e baseiam uma homenagem a sua pessoa em mentiras4, cuja procedência e conseqüências nada têm em comum com seu caráter ilibado, moderado e pacífico. No intuito de que se possa refletir acuradamente sobre a ética e os valores genuinamente Cristãos, cabe uma análise á luz das escrituras, buscando-se bases históricas confiáveis as quais respondam a questão: O natal : verdade histórica ou engano pagão?
Nas páginas das escrituras o que se pode encontrar sobre a data do nascimento do Senhor são os fatos relatados por Lucas5, o qual refuta incisivamente e por si só a tradição que põe o nascimento do Senhor Jesus para o mês equivalente a dezembro, pois o escritor sacro afirma que no momento em que cristo nasceu, os rebanhos estavam nos campos e eram guardados pelos seus pastores. Logo, jamais seriam encontrados ali se fosse dezembro6, pois era inverno, chegando a nevar em algumas regiões.7 Sendo assim, qual seria a razão para se comemorar o nascimento de Jesus numa data tão improvável?
Sabe-se que pelo menos nos três primeiros séculos da era cristã, o nascimento de Jesus não era comemorado. Só depois do ano 350 o natal passou a ser adotado no ocidente como uma festa cristã8 comemorado no dia 25 de dezembro. Na verdade, essa data era o dia da celebração pagã do “sol vitorioso” Dies Natalis Invicti Solis9, homenagem aquele que deveria ser invocado a fim de se obter o calor por ele emanado que se achava em algum lugar do espaço acima dos percalços do frio invernoso.
Um decreto do Papa Júlio I, estabeleceu a substituição da veneração ao deus sol pela data em que teria nascido Jesus o Salvador10. Assim o dia 25 de Dezembro foi “cristianizado,”ou seja, o paganismo adentrou no Cristianismo pela porta da frente, com toda anuência da sua autoridade maior.
Se Jesus não nasceu em dezembro, e ordenou tão somente a celebração da sua morte, e, observando-se o verdadeiro holocausto produzido na comemoração do aniversário que definitivamente não é o seu; onde os símbolos natalinos nada tem haver com o genuíno espirito cristão, baseando-se em elementos do esoterismo; uma festa na qual se ensina aos infantes dirigirem suas petições ao papai noel, confiando os seus sonhos de criança ao inexistente. Como há de se extrair adoração verdadeira ao Senhor nessa data? se a festa natalina e tudo o que a rodeia está saturado de mitologias pagãs e esotéricas, ou seja, uma homenagem de mentira ao senhor da verdade.
Seria o natal uma verdade histórica ou engano pagão? Responda você mesmo!

Wanderley Nunes.

1 As Escrituras registram a ordem do Senhor para que se celebre (comemore) sua morte Lc.22.19, I.Co.11.24, não o seu nascimento.
2 Estatística apresentada por http//opovo.uol.com.br
3 Jo.14.6
4 Jo.8.44- 8.55. I Jo.2.21.
5 Lc.2.8
6 Quisleu é o mês equivalente a Dezembro no calendário hebraico. Bíblia de estudo pentecostal, p.152.
7 ibdem
8 Cairns, Earle E. O Cristianismo através dos séculos,p.103.
9 Comby, Jean. História da Igreja I. p.81.
10 pt.wikipédia.org. Papa Júlio I.

Ananindeua, 23/12/2009.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Festa Ágape 2013

Participe da Festa Ágape 2013 A comunhão do Senhor Dia 28 de Dezembro de 2013 às 19h Rod. 40 Horas, Rua São luís, 53 R$ 15,00 Adquira já, pelos fones: 8140-0807 e 9964-6700.



Exibido todos os dias às 23h30 na TV Bacana Canal - Canal 17

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Palestra: Evangelho e homossexualidade

O PROGRAMA A FÉ EM AÇÃO APRESENTA! Evangelho e homossexualidade: Discurso e prática da Igreja, à luz do discurso e comportamento de Jesus ante as minorias do seu tempo. Dia 27 de outubro, ás 9h no clube CIFAM Preletor: Wanderley Nunes. Ingresso: R$ 20,00, incluindo almoço. Adquira já, pelos fones: 9964-6700 e 8140-0807.



Exibido todos os dias às 23h30 na TV Bacana Canal - Canal 17

terça-feira, 17 de setembro de 2013

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Batismo: 18/08/2013

BATISMO APOSTÓLICO
NESTE DOMINGO DIA 18/08/2013
HORÁRIO: À PARTIR DAS 09h00
LOCAL: CLUBE CIFAM
Av. Independência, Final da Rua da Apeti
Entre Mário Covas (à 500m da Mário Covase Rod. Quarenta Horas
Ananindeua - PA

Mapa abaixo:


Ver Clube CIFAM num mapa maior


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domingo, 28 de julho de 2013

A Natureza é Sua Amiga, Preserve-a! 2013

Programa A Fé Em Ação 
Realiza Evento Ecológico em Mosqueiro-PA
A Natureza é Sua Amiga, Preserve-a!
Um Evento de Conscientização Ambiental em Defesa das Nossas Praias.
Dia 28 de Julho de 2013.

A Natureza é Sua Amiga, Preserve-a! 2013

 Redes Sociais: 

Exibido todos os dias às 23h30 na TV Bacana Canal - Canal 17

sábado, 6 de julho de 2013

Igreja Vencida

Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.

Se quisermos simplesmente espiritualizar o texto petrino, o reduziremos a uma batalha metafísica de caráter inglório. Por outro lado, só existe uma maneira para não cometermos o “pecado” do  reducionismo, desvirtuamento, e empobrecimento do escrito em questão: A observação, a priori, do  contexto.    

Pedro está claramente encorajando os companheiros de fé, em um momento de perseguição. Lembremo-nos que a eclésia nessa época não era popular - não estava na moda “ser de Jesus”- e não possuía poder político. 

É lógico, que como humanos que eram, traziam consigo os seus temores e carências. A maioria não havia ainda obtido maturidade suficiente para lidar com as pressões de  carregar o vitupério de Cristo.

Por essa razão, a carta diz: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.

Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar”. (I Pe.5.6-10).

Os versos supra falam de ansiedade, sofrimentos contínuos, suavizados pelo consolo de que não serão para sempre, daí o termo “por um pouco” de tempo. Mais patente ficará a ideia de perseguições se voltarmos ao capítulo anterior da carta:

“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.

Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome. ( I Pe.4.12-16).

   O Diabo.

Depois de observarmos a motivação da carta, podemos depreender do texto uma melhor compreensão a respeito do “diabo” citado nela. No grego διάβολος (diábolos) = acusador,  caluniador. Lendo Pedro com o olhar na realidade dos fatos ocorridos à época, veremos que o “diabo” ali está personificado na perseguição, calúnia e injuria sofrida por aqueles que seguiam o Nazareno.

Vale ressaltar, que não cremos como a igreja crê hoje com relação ao diabo, todavia, usaremos a forma meramente biblicista, para desse modo, tentar rechaçar interpretações isentas do pensar lógico, filosófico, teológico, e claro, minimamente inteligente, ainda que lançando mão da hermenêutica ortodoxa.

Mas vamos adiante... O diabo enquanto entidade espiritual (lembre que minha abordagem aqui é apenas bíblica, para que os biblicistas não me acusem de não fazer uso das escrituras) foi vencido na cruz:

 “Ele (O Senhor) nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl.1.13). “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (I Jo.3.8); “e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl.2.15).

“...Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo”. ( Hb.2.14).

Observamos nessa exposição a vitória de Jesus Cristo sobre todas as forças e potestades malignas. A  Escritura Neotestamentária assegura não só o triunfo de Jesus sobre o mal, como também nos nomina morada de Deus e templo do Espírito Santo: I Co. 6.19; Cl. 1.27; II Co. 13.5.

De forma lógica, racional, e meramente bíblica concluímos: Se Deus faz morada naquele que crê, logo, não permitirá jamais que o maligno o tome de assalto, se apossando daquele que lhe pertence: “…Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo.10.28). “… Porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (I Jo. 4.4).

E em outro lugar diz: “Aquele que nasceu de Deus (Jesus Cristo homem) o guarda, e o Maligno não lhe toca”. (I Jo.5.18). “A palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno” (I Jo.2.14).
Os dois trunfos do mal.

Sabendo que nós, como santuário de Deus, não estamos suscetíveis a qualquer forma de possessão maligna – que porventura ainda persistamos em temer - e que só nós temos o poder e o arbítrio de oportunizar os ardis das chamadas “hostes espirituais da maldade” (Ef. 4.27); a pergunta a ser formulada então é: De que maneira os poderes maléficos podem atuar na vida daquele que crê?

Primeiro, precisamos entender que o “estrago” já foi feito no momento em que houve a transgressão registrada em Gênesis (creia você na literalidade dela ou não).

Quando agora, ouvimos o chamado e nos achegamos a Deus, somos salvos e justificados pela fé, entretanto, continuamos vivendo em um corpo corruptível, que segundo as Escrituras, só será perfeito ou “incorruptível” no último dia, quando estivermos face a face com Cristo. (I Co.15.42). 

Hoje somos salvos de direito e ninguém tomará isso de nós, pois foi algo conquistado por Cristo e a nós outorgado por graça. Há, no entanto, o “vírus” do pecado, o qual nos trouxe a morte e que se encontra em nós. Ainda que salvos pela fé, escrituristicamente sabemos que esse mundo segue o  seu ciclo até o dia do Senhor, quando então, nós e toda criação receberemos a incorruptibilidade.

Por causa da corruptibilidade generalizada, é que o mal tem o poder de influenciar o modo de crer da humanidade, e claro, da Igreja.

O “vírus” está no ar e traz consigo dois grandes ardis: a incredulidade, fazendo o homem pensar o Evangelho usando categorias meramente humanas; e o fanatismo.

“E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”.
(Mt.16.22,23).

Pedro não está aqui possesso de demônios, apenas influenciado pelo momento e pelas  contingências secularistas (diabólicas). Jesus diz aqui, que o “diabo” não cogita (não entende) das  coisas de Deus. É pertinente observar, que o secularismo foi inculcado na humanidade desde o início.

O “sereis como Deus” (Gn.3.5), ecoa de geração a geração com o mesmo apelo avassalador a uma vida hedonista, onde o homem é dono do seu nariz, recusando viver e crer no Evangelho.

“Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século (Secularismo = materialismo) cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (II Co. 4. 3,4).

O primeiro trunfo do mal é produzir uma casta de ateus cristãos, gente que quanto ao Evangelho de Jesus Cristo são incréus, leem a bíblia com um olhar judeu pagão, veem a graça como  produto do mérito, o “agora” como o alvo, e o “porvir” como prescindível. Esse tipo de fé nada mais é que anti fé, anti Evangelho e anticristo.

“...são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas”. (Fp. 3.18-19).

O segundo trunfo, próprio deste século, é o fanatismo. Sua vítima é empurrada por suas crenças,  militância e ativismo para bem perto de sua religião, porém, para bem longe de Jesus Cristo.

Ele é personificado no sacerdote e levita da parábola do bom samaritano, onde o culto perde o referencial  de expressão a Deus através do semelhante, para se tornar um cabide de ritualizações esteticamente  perfeitas, porém, duas vezes morta. (Lc. 10.30-37).

O fanatismo prescinde do pensar inteligente e lógico, imaginando que o raciocínio venha menoscabar ou desvirtuar a fé, o que não é verdade, pois ela está ancorada em bases escriturísticas  e históricas muito fortes, e não no mero ativismo surdo encontrado na estressada e exaurida Marta.

O Cristo que a Igreja professa crer, venceu todas as potestades. A Igreja, porém, tem sido vencida, ora pelo ateísmo cristão - desprezando a graça de Deus e o viver somente pela fé - ora pelo  fanatismo religioso utópico do céu na terra, aqui e agora - quimera de corações seduzidos pelo discurso pragmático e malicioso da religião do nosso tempo.

No entanto, a saída contínua a mesma: Crer em Jesus como senhor para além da vida e da morte, o Senhor da graça salvífica, a qual redime o pior dos seres humanos, conscientizando-o para humano ser, transformando-o de ególatra embotado em altruísta solícito, de mero religioso segregacionista em agregador consciencioso…

A solução nunca foi e nunca será religião, ela também não se encontra no Jesus dos judeus, nem dos cristãos. Só mesmo no metafísico caminho - o Jesus ressurreto - fruível nos gestos de bondade e misericórdia... Percebido sobretudo, por aquele que consegue enxergar Deus para além das cercas separatistas das crenças mesquinhas e rasas, pois só aí, Deus em Cristo será encontrado.

O que se necessita de fato é mais de Deus, mais da graça…Fora com a minha igreja vencida! Fracassada! Fora com a minha verdade irredutível! Com meus preconceitos oriundos do apedeutismo contumaz!

Em Cristo, se é vencedor quando o intuito é a vitória do todo, quando só um vence, a eclésia perde, entretanto, quando individualmente se busca o bem comum, o resultado é o triunfo.
Isso é um sonho? Definitivamente não, isso é comunhão, isso é eclésia.


Wanderley Nunes

sábado, 11 de maio de 2013

O Evangelho Desnudo

 
Porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo! (Tg.2.13)

Encontramos nas Escrituras a referência maior para nossa vida de fé, porém, a Escritura pela Escritura, destituída de uma leitura crítica, pessoal, e sobretudo gentílica, reduze-nos a meros religiosos, judaizantes pagãos e o nosso referencial, - a Bíblia- em um ídolo.
O nosso “irmão” Paulo (como tratado por Pedro), foi convocado pelo Eterno para desaprender o seu judaísmo e desconstruir seu helenismo. Não vogava mais para ele as festas, ritos, sábados - fossem esses o do sétimo dia ou mesmo dos feriados nacionais- Paulo conheceu o “Senhor”, não conheceu o Jesus histórico dos seus conterrâneos e contemporâneos.
Para esse homem, não importava mais o Jesus da religião judaica, do qual não tinha nem uma espécie de saudosismo, muito menos o Jesus helênico e histórico dos embates teológicos- filosóficos. Paulo conseguiu enxergar além do véu, já que o véu lhe fora retirado no fulgor da revelação ablepsante da estrada de Damasco, a qual lhe deslindou o espírito do Evangelho.
Usando o seu filtro exegético revelacional celeste, logrou êxito em extrair do Jesus homem o espírito do evangelho no homem Jesus, influenciando gente magnífica como João evangelista e o doutor Lucas, entre outros.
No Evangelho anunciado por esse homem - O único “falador” da aliança de Cristo que chama o Evangelho de “meu Evangelho” - o seguidor de Cristo não passa pelo crivo de nenhum pastor, padre, bispo ou tribunal inquisitório a fim de ser aprovado como tal, antes, tem a prerrogativa do auto exame imputado pela graça.
No Evangelho Paulino o discípulo percebe-se assentado em lugares celestiais enquanto salvo, todavia, tremendamente débil enquanto homem. No Evangelho desnudo, o homem se encontra com Deus sendo simplesmente ele mesmo. Tendo a liberdade de chorar suas dores, derrotas e angústias, sem precisar ouvir: “Agora é só vitória”, uma reverberação de gosto duvidoso da máxima: “Homem não chora”, tantas vezes ouvida na minha infância.
No Evangelho desnudo, não há necessidade de se fazer convertido ou converter, pois o Evangelho que alcança o pecador o faz pelo Espírito, e esse, age como superego Divino. Não há de se ensejar nele nenhuma prática que não seja pelo Espírito, abominando de forma veemente todo tipo de constrangimento, preconceito, ou religiosismo fanático e perverso, incompatíveis com o Espírito de Cristo.
O Evangelho desnudo, desnuda a alma e o rosto de quem o abraça, pede licença para sair das retilíneas da Escritura para as curvilíneas do nosso ser. É hora de assumir a veracidade e realidade do Evangelho desnudo com toda crueza e escândalo que provoca. É hora de lançar fora a religião da escrava Hagar cujos filhos são como ela, escravos da lei, da letra e dos ritos, mas desprovidos da fé, do amor e da misericórdia inerentes ao Evangelho.
A propósito, você viu os textos bíblicos que citei? Não? Então abra os olhos para dentro de você, pois toda minha fala foi eivada de passagens que propositalmente não metamorfoseei em texto, esperando que você o faça, posto que acredito teres o Evangelho no espírito. Mas se não os achou no espírito, leia o Evangelho com a alma desnuda e os encontrarás.
Em Cristo, Wanderley Nunes.











quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo?



“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Ap 13:8.

O referido versículo é usado muitas vezes para defender a literalidade da morte de Jesus ainda antes da fundação do mundo, todavia, tal afirmação necessita de argumentos que venham corroborar essa assertiva.

Vale ressaltar que em nenhum momento é dito que o cordeiro foi morto “antes”, mas “desde” a fundação do mundo. Uma tradução mais literal para esse texto seria:

“E hão de adorá-la todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos desde a origem do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado”.

De fato a afirmação do texto é quanto a predeterminação Divina da morte do cordeiro, cuja efetivação estava de antemão assegurada, como se já tivesse sido levada a efeito; do mesmo modo como é assegurado o naufrágio da fé daqueles que não possuem seus nomes no livro da vida.

Paulo escrevendo a Timóteo patenteia a ideia da morte do cordeiro em sua manifestação terrena : “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;

E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte (com sua morte), e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (II Tm.1.9-10).

Pedro em conformidade com Paulo assevera: “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido (Não morto), ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (I Pe.1.19,20).

A predeterminação da morte de Jesus só vem fortalecer a ideia da soberania de Deus, pois demonstra claramente sua hegemonia absoluta, inclusive no que se refere aos seus planos.

Há pensamentos e propósitos seus inexistentes na esfera humana, no mundo da matéria, que só “existem” na sua inacessível e incomensurável mente, a bíblia assim o demonstra.

“Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó {Ex 3,6}? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos” (Mt.22.31,32);

“Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia”. ( Sl.139.16).

As escrituras explicitam de forma inequívoca a onipotência de Deus quando o mostra considerando existente o inexistente: (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem (Rm.4.17).

Logo, os propósitos de Deus quanto aos homens delineados na eternidade, não são efetivados nessa dimensão, pois dizem respeito à humanidade caída, e não a seres celestes não contaminados pelo pecado.

Ademais, o derramamento de sangue através de sacrifícios e holocaustos foi ordenado aos homens, não aos anjos. Não há nem uma palavra da Escritura sobre uma morte vicária nos céus. A bíblia fala daquele terrível dia no calvário, quando o decreto eterno foi concretizado, como bem testificou Pedro no dia de pentecostes.

“A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos”. (At. 2.23).

Jesus foi morto de fato na eternidade ou no tempo?

Tomar apocalipse 13. 8 em particular, para afirmar a morte literal de Jesus na eternidade, antes da sua entrada na linha do tempo, é desmontar o ato salvífico em todas suas instâncias, é destituir Deus de sua ontologia, já que na eternidade ele é espírito, e na dimensão que a bíblia chama de céu não há derramamento de sangue, muito menos morte com já foi dito. Um espírito não tem carne, nem sangue.

Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.(Lc. 24.39).

Na dimensão atemporal de Deus, fora da cronologia humana, tendo como base sua infinitude e poder de convergir em si todas as coisas, não se consegue falar da morte do cordeiro, sem apontar para o pecado que a causou. Tudo isso teria que ter sido factual no âmbito eterno (céu).

O que podemos apreender aqui a respeito da morte sacrificial do cordeiro de Deus, é que isso só seria possível no campo dos seus atributos e de forma descendente, ou seja, a eternidade, o atemporal imiscuindo-se no tempo. No entanto, necessitamos compreender o tempo em sua ambivalência.


kairos (καιρός) e Kronos (Κρόνος)

Kairos, como usado no mundo helênico, é algo como um momento que nos parece particularmente adequado para levarmos a efeito os nossos planos particulares, tornando-os nesse âmbito um tempo propício.

O Kairos aplicado às escrituras do Novo Testamento, não comunga da ideia helenista de planificações e projetos humanos, é antes um decreto Divino que faz desta ou daquela data um Kairos.

E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo (Kairos ) da tua visitação (Lc.19.44)

. και εδαφιουσιν σε και τα τεκνα σου εν σοι και ουκ αφησουσιν εν σοι λιθον επι λιθω ανθ ων ουκ εγνως τον καιρον της επισκοπης σου 

Em outro lugar é apontado um Kairos concernente ao anticristo.
“E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo (Kairos) seja manifestado”. (II Ts 2.6).

και νυν το κατεχον οιδατε εις το αποκαλυφθηναι αυτον εν τω εαυτου καιρω

Paulo ainda se refere a um Kairos (tempo propício) quando seria revelado o único e verdadeiro Deus, Senhor dos senhores.

“A qual a seu tempo (Kairos) mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores”(I Tm. 6.15).

ην καιροις ιδιοις δειξει ο μακαριος και μονος δυναστης ο βασιλευς των βασιλευοντων και κυριος των κυριευοντων 

Observado no sentido Neotestamentário, o Kairos pode ser distribuído na linha do tempo formando a história da salvação, particularizando-a em etapas. Nunca esse Kairos decretivo se encontra presente na linha contínua do tempo, posto que pertence ao atemporal, ao Divino, àquele que não existe, pois sustenta toda a existência em si mesmo, estando ele mesmo fora da existência do ser.

“Pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (At.17.25).

Κρόνος (Kronos)

Κρόνος é o tempo sequencial, existencial, que à semelhança da mitologia helênica, nos vence, nos devora, nos mede em sua redoma temporal e nós o medimos, mas nunca nos congratulamos em contemporaneidade, pois embora Kronos seja dimensionado de forma terreal, ele é sempre ulterior a nós homens.

É de sua nomenclatura imponente que derivam cronologia, cronômetro, cronograma, nominações sempre voltadas à altaneira obra de aferir aquele que desnuda nossa efemeridade.

Deus manifestando-se no Kronos

Deus em sua sabedoria e arbítrio (aliás, Deus é o único que não tem o arbítrio escravizado por nada, nem por ninguém) resolveu manifestar-se ao homem, por isso criou um corpo de carne no ventre Mariano: “No principio era o Logos (a mente ou inteligência suprema de Deus), o Logos estava com Deus (isso não foge da lógica em momento algum) e o Logos era Deus.

Assim como não podemos desassociar a mente do corpo sem aniquilar todo o ser , Deus sendo espírito não pode ser desassociado daquilo que o “sustenta” enquanto ser - sua faculdade criadora, inteligente e ativa - O Logos.

Na dimensão ou mundo estritamente espiritual não havia possibilidade de Deus ser visto por nenhum ser terráqueo. O que de Deus os homens puderam ver foram teofanias, ou seja, manifestações físicas as quais indicavam a “presença” Divina, fosse por meio do fogo, fenômenos nas águas etc.

Tudo ponteado por interpretações antropomórficas das mais diversas, algumas delas descritas pela própria bíblia, com o intuito de expressar em linguagem inteligível a revelação Divina.

E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.

Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus” (Ex.3.4-6).

Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15.3).

“Ajuntai-vos todos vós, e ouvi: Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? O SENHOR o amou, e executará a sua vontade contra babilônia, e o seu braço será contra os caldeus”. ( Is.48.14).

Deus é descrito falando do meio do fogo em um sarçal, como tendo olhos e braços tal quais os humanos.

Toda a linguagem figurada da bíblia com relação ao Divino, busca metafisicamente e por analogia, expressar e qualificar Deus enquanto ser, algo dialeticamente inalcançável, encontrando sua perfeição dialógica tão somente na encarnação do Logos.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

εν αρχη ην ο λογος και ο λογος ην προς τον θεον και θεος ην ο λογος  (Jo.1.1).

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”

και λογος σαρξ ο εγενετο και εσκηνωσεν εν ημιν και εθεασαμεθα την δοξαν αυτου δοξαν ως μονογενους παρα πατρος πληρης χαριτος και αληθειας (Jo.1.14).

O que era “realidade” exclusiva do Logos (mente) de Deus no tempo sem tempo, ganha um Kairos (um tempo propício). Na encarnação, e só nela, Deus se faz homem, e assim sendo, torna-se real aquilo que não o era para os homens, nem mesmo para os anjos, pois fazia parte única e exclusivamente da mente inatingível e inenarrável do Todo poderoso, o qual ocultou e revelou tudo em seu tremendous mysterium, O Logos.

“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória”.

και ομολογουμενως μεγα εστιν το της ευσεβειας μυστηριον θεος εφανερωθη εν σαρκι εδικαιωθη εν πνευματι ωφθη αγγελοις εκηρυχθη εν εθνεσιν επιστευθη εν κοσμω ανεληφθη εν δοξη (I Tm. 3.16).

“Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória”.(I co.2.7,8).

Observamos então, que a morte do cordeiro estava claramente planificada na mente Divina, onde de fato era real e inexorável, entretanto, carecia de uma personificação humana, a fim de que o homem fosse salvo por um perfeito igual que o substituísse e o justificasse. Glória pois a ele.

Em Cristo, Wanderley Nunes