quinta-feira, 26 de maio de 2016

Momento de Reflexão: Como chegamos até aqui



Momento de Reflexão

Como chegamos até aqui
Wanderley Nunes faz um relato da sua trajetória até a mensagem da graça.
Você não pode perder!!!

Sítio Asmitra 

NESTE DOMINGO - 29 Maio de 2016 - 9h 

ENTRADA FRANCA

Informações: WhatsApp (91) 98495-7355
Endereço: Estrada do Icui Guajará II, 154 
Entrada pela feira do 40 Horas 
Icuí-Guajará, Ananindeua - PA

Mapa:



Exibido todos os dias às 23h30 na TV Bacana Canal - Canal 17

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Espiritual ou carnal?




Ouvimos muitas discussões e definições do que seja ser carnal ou espiritual. Se uma pessoa ora muito, se entrega aos cânticos de cunho religiosos, ou mesmo se vale de muitos momentos devocionais, tal pessoa é tida como espiritual. Por outro lado, se alguém é do tipo não afeito a muita oração, cânticos e devocionais… Temos aí um carnal segundo o senso comum.

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Mas o que de fato é uma pessoa carnal? Para traçarmos o perfil do que sejam os termos carnal e espiritual, tomaremos dois versículos emblemáticos, o primeiro I Co. 2.15:

Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido…

Em seguida, I Co. 3. 1:

Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo.

Para obtermos o mínimo de compreensão do texto, exige-se a busca do contexto. No capítulo 1. 11, logo depois das saudações, Paulo aponta um problema muito sério que vinha acometendo a comunidade de Corinto, o problema tomara uma proporção de tal monta que chegou aos seus ouvidos mesmo estando em outra cidade.

Os Coríntios estavam divididos nos pensamentos e atitudes, eram partidaristas (I Co. 1.12). Paulo faz uma breve explanação sobre divisões em Cristo (I Co. 1. 13-16), culminando com a fala sobre ter batizado algumas pessoas, afirmando, no entanto, que a prédica sobre o Evangelho sobrepunha todas as coisas (1. 17). A partir desse momento, o apóstolo põe de lado os recursos dos homens – dentre eles a sabedoria – para exaltar a cruz de Cristo.

Lembremo-nos, ele está falando para um público helênico, alguns com influências estrangeiras, mas no geral, a comunidade era grega. A contenda e a divisão girava em torno de quem era o mais importante mentor, Paulo passa então a contrastar a sabedoria humana com a Divina, sublimando a última como lhe era próprio, com o intuito do pôr os homens como peças fundamentais na economia [ 1 ] celeste, entretanto, essa importância era sempre com relação ao todo.

A ideia do texto aos Coríntios não é desprezar a sabedoria dos homens como alguns teimam enfatizar. O que acontece é, quando a sabedoria de Cristo é reconhecida e exaltada, toda inteligência e habilidade humana – seja de quem for : Paulo, Apolo… – se torna microscópica (I Co. 1. 18-25).

No capítulo 2. 1, observamos a proposta Paulina de não discutir ideias e argumentações muito elaboradas, ele buscou apresentar Cristo.

Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito. (I Co. 2. 4).

Ele claramente está falando do Espírito de Cristo e do poder salvífico que só Jesus, a aleteia de Deus possui. É da sabedoria de Deus – Jesus – que o apóstolo fala, sabedoria que os poderosos e sábios não conheceram, embora já houvesse sido revelada (I Co. 2. 10).

Toda a explanação Paulina segue em torno da sabedoria de Deus, como também sobre o porquê dos poderosos, estudiosos, doutores, e os mais habilitados na fé de Israel não terem reconhecido tal sabedoria: O partidarismo.

Paulo segue argumentando sobre o tema (I Co. 2. 6-16), para logo depois, no capítulo 3. 1-3, nominar os coríntios de “carnais”, como “carnais foram aqueles que não reconheceram em Jesus o Messias. Os coríntios, assim como os líderes da época de Cristo, estavam sendo partidaristas, consequentemente, contenciosos e ciumentos (I Co. 1. 11).

Para o texto de Coríntios, ser carnal não é ser pouco devocional. Ser carnal é ser partidarista, contencioso, é não reconhecer Cristo acima dos homens. O capítulo 1. 12, discorre sobre o espírito recebido pelos coríntios, não era o espírito do mundo, ou seja, um modo de vida voltado para si próprio, para as coisas e conquistas dessa vida, cujo louvor é verticalizado, meramente terreno e humano.

A ênfase da exposição é a recepção do Espírito de Deus, por conseguinte, aquela comunidade deveria ser grata, pois tudo que possuíam de Deus – inclusive os mentores – provinha da graça de Cristo. A fala Paulina aponta para a valorização dos mestres com relação ao todo, individualmente e para si próprio, qualquer obra se torna ínfima e inconsistente, pois somos membros uns dos outros (Rm. 12. 5).

Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um (I Co. 3. 5).

Aqui Paulo não está desvalorizando ninguém, muito menos a si próprio, porém expondo sua pequenez e dos seus companheiros com relação a grandiosidade da economia Divina, da qual fazia parte como brilhante colaborador. Vejamos como ele finaliza seu comentário sobre o assunto.

Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês, seja Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus (I Co. 3. 21-23).

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Ser carnal, conforme a epístola aos coríntios, é pôr seus interesses – ainda que eivados de “espiritualismo”, devoção e ritos – acima das pessoas, objeto maior do amor de Deus, a ponto de contender, separar-se, e produzir mágoas, tudo feito contraditando a ética de Jesus, aquele que em seus discursos e práticas sempre depôs contra sentimentos e atos mesquinhos.

Façamos um paralelo entre I Co. 3. 3 e Gl. 5. 20,21, teremos duas palavras apontando para obras da carne: inveja e divisões, todavia, ainda que de forma implícita, perceberemos outros sentimentos subjacentes ao segregacionismo dos coríntios: Ódio (falo aqui do sentimento religioso partidarista), dissensões, facções…Tudo produzido em nome de Cristo.

Ser espiritual, em contrapartida, é ter paz (sobretudo com o diferente), paciência, amabilidade, domínio próprio… (Gl. 5. 22,23) [ 2 ].

Em lugar de ficarmos brincando de gato e rato com os que pensam diferente de nós, devemos antes de tudo buscar o acolhimento e o diálogo pacífico, se forem cabíveis. Senão, deixemos o silêncio ganhar voz apenas com a nossa tolerância e paz. Pois se o amor, a graça e a bondade de Cristo não forem retratadas do humano para o humano, a ponto de conscientizar o outro em amor, não serão hostilidade e truculência que farão isso.



Wanderley Nunes




[1] O vocábulo “economia” advêm da junção de duas palavras: oikos (casa) e nomia (lei) oikonomia, podendo ser traduzida literalmente como a lei da casa. Irineu de Lion parece ter sido o primeiro a usar esse termo por volta do III século. Ele usou economia para falar como Deus lidou com a história da salvação. Logo, a economia da salvação diz respeito as riquezas eternas de Deus dispensadas ao homem.

[2] Tanto aqui como em todo o texto, usamos a tradução da nvi.


Exibido todos os dias às 23h30 na TV Bacana Canal - Canal 17