sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Provérbios 1.10-19. Conselhos para a vida.


Comentário de Provérbios


Provérbios 1.10-19. Conselhos para a vida.


10 Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas.
11 Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo, os inocentes;
12 traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova;
13 acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa;
14 lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.
15 Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés;
16 porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue.
17 Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave.
18 Estes se emboscam contra o seu próprio sangue e a sua própria vida espreitam.
19 Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui.

Temos agora um tratamento paternal, “filho meu”, o conselho aqui é para não se deixar seduzir por aqueles que não respeitam a torah, a família, e muito menos o próximo. “O não o consintas,” dá a entender que há de fato uma argumentação inebriante e tentadora por parte dos “pecadores”.

O convite para “derramar sangue inocente” fala muito do desejo aventureiro, do que comumente chamamos nos nossos dias de “adrenalina”. A intenção de se experimentar os instintos mais primitivos e animalescos, ficam patenteados na expressão “traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os que descem à cova”.

 O texto parece falar da morte sem reparação alguma, final de vida. Tudo indica que o escritor não possuía nenhuma influência do pensamento helenista, pois aquele que convida o incauto rapaz para os caminhos da violência, deixa entrever que acredita no homem como alma vivente - sem uma entidade (alma) imortal – apenas como tendo fôlego de vida, foi-se o fôlego, vai-se ao pó irremediavelmente. Quando diz “traguemo-los vivos, como o abismo…” O pensamento é de que seu opositor não viverá em hipótese alguma, nem mesmo em outra dimensão.

É importante ressaltar, que o homem como possuindo uma alma imortal, bem como o abismo (sheol), se tornando mais um lugar de tormento de que apenas e simplesmente um túmulo, é uma construção mais recente do pensamento judaico, influência clara das crenças gentílicas, sobretudo, gregas.

acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa;
 lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.

O ganho fácil, por vezes ilícito, quase sempre entorpece o homem. O escritor de provérbios objetivamente reproduz um tipo de discurso que encanta quem gosta da adrenalina, adora viver perigosamente, e é um ávido seguidor da lei do menor esforço. A epístola a Timóteo aborda isso de forma aguda e explícita.

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores (I Tm 6.10).

É interessante observar que no texto de provérbios (versículo 13), há uma demonstração evidente da crença no sucesso do malfeito, pois diz: Encheremos de despojos a nossa casa… Para em seguida, demonstrar como estarão envolvidos mutuamente se o companheiro aceitar a nefanda proposta.  “…lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.” Assentindo a tal convite, o incauto, além de se tornar cúmplice, torna-se sócio no empreendimento do mal.

Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés; porque os seus pés correm para o mal e se apressam a derramar sangue.


O conselho paterno continua soando, já que a ideia aqui é de um pai que é senhor da sua casa, tendo uma grande responsabilidade sobre ela, o patriarca fará sempre assim, não só porque ama os seus, mas porque teme a Deus, e na sagrada torah dos judeus, o Senhor de Israel está acima de tudo, inclusive dos familiares, porém, ordena ao pai de família que a ame. Logo, o conselho exposto nos versículos 15 e 16, são na verdade, apelos de um pai, que ama seu filho e é obediente a Deus.

Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave.
Estes se emboscam contra o seu próprio sangue e a sua própria vida espreitam. Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui.

Há uma preciosa mensagem nos três últimos versículos. A Síntese de tudo, é que todo malefício projetado contra o outro, na verdade, é um mal perpetrado contra nós mesmos, não passamos incólumes por sentimentos ruins “…Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave.” Antes de ser direcionado ao outro, o mal é nosso - e isso sem evocar qualquer pensamento místico ou supersticioso – e para nós retornará altamente potencializado e danoso.

 Demonstra-se isso pelos inúmeros problemas de saúde causados pelo stress, tensões do dia a dia, e acima de tudo, sentimentos tais como ódio, rancor, mágoa…O versículo 18 vai mais longe quando diz de forma indubitável, que todo ganancioso, egoísta, que vive a engendrar projetos no afã de auferir lucros - insensível ao prejuízo de outrem - o que produz de fato, são males contra si próprio, pois mesmo prejudicando grave e efetivamente a terceiros, ele jamais sairá ileso. É a lei da vida.

Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor (II Tm.2.22).
                           


Wanderley Nunes.




quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ceia

CEIA Neste Sábado 31/12 - 19h



Rua São Luís, 53
40 Horas (prox. a Feira)
Abra o Mapa AQUI!

sábado, 24 de dezembro de 2016

Curta nossa Fan Page


Curta nossa Fan Page - Clique AQUI!
https://www.facebook.com/mensagemrestauradora.blogspot.com.br

Mensagem Restauradora - Wanderley Nunes
Espalhando a boa semente do Evangelho que possui vida em si mesma...
Os campos irão florir...
É o Espírito que sopra e dá vida...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Provérbios 1.5-9. Só os loucos desprezam a sabedoria.


Comentário de Provérbios

Provérbios 1.5-9. Só os loucos desprezam a sabedoria.

5 Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira habilidade
6 para entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios.
7 O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.
8 Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe.
9 Porque serão diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o teu pescoço.

No versículo 5, é interessante notar que se aconselha ao sábio que ouça, dê ouvidos, obedeça. O escritor parece acreditar que só o sábio terá aptidão para crescer em prudência.
Vale salientar, que  sábio no âmbito em que foi redigido o texto, é antes de tudo, um piedoso judeu, pois a verdadeira sabedoria – é a temática de todo o livro –  é prerrogativa de quem teme a Deus.
O sábio que se deixa instruir adquire a condição (habilidade) de compreender o ensino sapiencial, pois somente o sábio reconhece, ama e busca a sabedoria.
O temor do SENHOR é o princípio do saber.
Eis aqui a chave e o segredo do sucesso. Conhecer a torah e os profetas, sobretudo pô-los em prática, mais do que sabedoria, era um dever de todo cidadão israelita.
Quando se observava um judeu próspero, com muitos bens, saúde, e uma família estável, se reconhecia facilmente um patriarca sábio e fiel à lei.
[…]mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.
Os loucos aqui, são todos que não têm ciência da lei e dos profetas. A loucura referida pelo escritor, faz uma analogia entre aquele que não conhece os ditos proféticos da lei – por isso erram – e aqueles que não possuem o perfeito gozo das faculdades mentais – por isso não discernem entre o real e o irreal, entre o certo e o errado -  logo, por não conseguirem captar, apreender, e discernir o real valor dos ensinos da lei, é que desprezam aquilo que lhes daria erudição para a vida.
É interessante notar que a instrução sai da esfera da torah e dos profetas, ou seja, da autoridade “divina”, para a familiar.
O que se recebe da lei, deve ser posto em prática, a começar pela família, essa é a grande lição aqui. Diadema de graça e colar, tipificam a beleza e riqueza de uma vida ética, adornada pela moralidade prática, resultado de uma vida pautada pelos ditames da lei.


Wanderley Nunes.




quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Comentário de Provérbios (Introdução) - Provérbios 1.1-4. Para aprender sabedoria e prudência.


Comentário de Provérbios.

Provérbios 1.1-4. Para aprender sabedoria e prudência.

1 Provérbios de Salomão, filho de Davi, o rei de Israel.
2 Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência;
3 para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade;
4 para dar aos simples prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso.

O termo “provérbios” (masal no hebraico) traz em si um significado de “comparação”, porém foi ganhando ao longo do tempo uma acepção mais elástica, podendo ser visto como uma alegoria, máxima, ou até um sermão, chegando finalmente à ideia de uma expressão ou dito sábio.
O versículo dois, diz que os provérbios servem para o aprendizado da sabedoria e do ensino. É bom que fique entendido, que a sabedoria referida no texto, é a sabedoria moral, cuja a prática redunda em um bom nome e bençãos.
Estamos lidando aqui com a cultura judaica, pré ou pós exílica, no entanto, com fortes traços da teologia retributiva, encontrada sobretudo em Deuteronômio 28 (aliança Mosaica).

Ensino” (mûsar) tem a ver com instrução, treinamento, prática. Logo, o que parece ser dito no início do versículo 2 é: Para se ter moralidade – sabedoria posta em prática – é imprescindível treinamento.

O pensamento ora exposto, é da necessidade de uma mentoria, que ensine e conduza o discípulo a prática, esse papel é desempenhado pelos provérbios sapienciais.

Ainda no mesmo verso surge: para entender as palavras de inteligência. “Entender”, está no sentido de compreender, discernir. Só com discernimento se poderá efetivamente absorver os ensinos proverbiais.
A suma do que lemos nos versículos um e dois é: Os provérbios foram escritos para prover o homem – judeu – de uma moralidade que o levasse a ser um cidadão conforme prescrevia a torah.
Segundo o escritor, só alguém bem instruído, com a compreensão exata dos valores de sua nação e fé, poderia internalizar e expressar a inteligência e sabedoria a ele ofertadas.
Para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade.
Fazendo o exercício da sensatez - bom proceder – é que a ética e a moralidade triunfarão. Três palavras são usadas para falar do resultado do processo:
Justiça: O termo não é usado simplesmente como antônimo de injustiça, mas sim como virtude do cidadão de bem – ele não é ímpio (gentio), nem age como tal - ele é justo porque pratica a justiça e não unicamente por fazer parte de Israel, usando o juízo (julgamento) com equilíbrio e imparcialidade (equidade).
Para dar aos simples prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso.
É importante observar o uso da palavra “simples”, no texto, é alguém desprovido das benesses da aliança, um gentio, ou um israelita apóstata.
O significado nunca é o de alguém ingênuo ou tolo, mas sim de alguém “desligado” que não leva a sério a vida e muito menos a fé.


Wanderley Nunes.